A vida nos mostra na fotografia um pouquinho de tudo que as horas, os dias, o tempo faz com nossos movimentos.Meu coração vive em eterno balanço das horas para reunir pessoas para amar, pessoas para me doar, pessoas para ter um olhar voltado para o idoso. Eu sou a idosa que pensa que vai conseguir mudar as coisas, ilusão minha, mas as fotos não mentem, o tempo passa e tão pouco posso fazer, tão pequena sou para poder transformar, melhorar, ajudar, corrigir... aí penso: há corações tão insensíveis, há pessoas tão amargas, mas elas esquecem que o tempo passa e quando se vê, já é sexta- feira ou páscoa ou natal e muito pouco mudamos. O desamor corre. O idoso está calado. Ninguém mais tem tempo para sentar-se, ouvir, fazer um carinho, ponderar em suas palavras. Não, ninguém mais quer ouvir. Ninguém mais se preocupa com àquela queixa, ninguém mais liga se é verdade que aquela dor atrapalha, que aquela dor não lhe deixa dormir, não ninguém mais olha fotos antigas, pra quê? Se as festas têm flashes, volúpia,gente nova, perfume quem vai querer saber de velho, de foto antiga, não? A vida nos dá os momentos e é neles que nos iludimos, pensando que é pra sempre. Ilusão veja as fotos antigas, verá que os amigos não são mais os mesmos, a familia não senta mais à mesa para uma única refeição. A palavra mágica sumiu e quem sabe onde ela está?Quem a conhece?Hahahahahah...com licença vou ver uma foto antiga, nela vejo uma familia que se amava e que se conheciam desde o nascer. A palavra amor.Amor, gente, é isto que nos falta: amor à humanidade. Com amor não há velhice, com amor há companheirismo, amizade, sorriso largo no rosto. O Alzhaimer sente vergonha de se aproximar, ele não nos castiga com mão de ferro, e a foto fica mais bonita.
Nenhum comentário:
Postar um comentário